Recentemente,
diversas polêmicas surgiram em relação ao ato de amamentar em público,
dentre elas a foto de uma mulher amamentando enquanto pedalava em sua
bicicleta e a foto postada pela deputada Manuela D´Avila causaram furor
nas redes sociais em um embate sobre pudor, amamentação e que envolveu
até o Carnaval na discussão toda.
Neste
vídeo acima, vemos uma bem-humorada crítica sobre o ato de amamentar em
público, no qual, de maneira irônica, a interlocutora nos diz que não
devemos amamentar em público pois amamentar é utilizado como forma
prioritária de constranger os demais e que a mulher não deve sair de
casa pois quando ela é mãe, esse direito lhe é negado.
Seria
até engraçado se não fosse tão triste e verdadeira essa visão sobre
amamentação. Antes de eu me tornar mãe, eu até olhava com estranheza
quando via uma mulher amamentando em público, no shopping ou na praça e
pensava: "Poxa, como pode essa mulher não ter pudor e mostrar o peito
assim? Quando for comigo, eu não vou fazer isso.".
Mas
depois entendi que: quando se vira mãe as necessidades do seu filho se
sobrepoem a diversas situações próprias suas. Sim, seu filho tem fome.
Sim, ele precisa do peito como aconchego pois ele estava até então em um
mundo quentinho e protegido e de repente ele está ali no mundo, nessa
confusão toda e quer apenas um pouco de acalanto. E sim, cada criança é
diferente. Embora nosso instinto natural seja mamífero, sempre haverá o
bebê que preferirá a mamadeira e isso, minha cara, é particular de cada
criança. Então, como julgar? Como julgar a mãe cujo filho não quis mais o
peito? Como julgar a mãe que estendeu esse período?
Sei
de mães que não conseguiram amamentar nem 10 dias e sei de algumas que
foram por mais de 4 anos direto e, pensem, como dizer o que é correto e o
que não é? Sei que a OMS recomenda amamentação exclusiva nos primeiros 6
meses e que a amamentação deveria ser continuada por até no mínimo dois
anos de idade pelas diversas razões já enumeradas antes. Seria perfeito
que todas nós conseguíssemos fazer assim, mas até que ponto devemos
tentar? E até que ponto devemos nos importar?
Hoje
existe a corrente naturalista de mamães do parto natural, amamentação
prolongada, cama compartilhada, entre outros tópicos. É lindo o que
pregam, mas sob quais dificuldades? Tocar uma gravidez já está sendo
difícil nos tempos de hoje e ainda somos julgadas e separadas em
compartimentos estanques: se você teve cesariana, você é um fracasso.;
se você não amamentou até o tempo recomendado, você sucumbiu à indústria
da fórmula; se você deixa seu filho dormindo em seu próprio berço, é
insensível. Neste ponto, vejo que as mulheres são muito desunidas: ou
você faz parte do grupo ou é criticada. Existe pouco apoio e compreensão
dentro do nosso gênero.
Meu
filho deixou de mamar com 8 meses: foi uma escolha dele pois eu queria
que ele mamasse até pelo menos 1 ano. Mas não aconteceu dessa maneira.
Quando tirei o peito, ele nem sofreu, fui eu que sofri. Me senti
impotente, enquanto ele estava impassível e parecia que nada tinha
mudado. Alguns dias depois, conversando com minha cunhada, ela me disse:
"Querida, você foi vencedora. Eu nem cheguei a amamentar meu filho pois
ele passou mais de um mês na UTI, então mesmo eu tirando na bombinha, o
meu leite secou por falta de estímulo. Você conseguiu amamentar por 8
meses e foi uma escolha do seu filho parar e olha aí como ele está
saudável.". Uns dias depois, na fila do banco, nessas conversas amenas
de maternidade, uma moça muito exausta me contava que a filha dela de 1
ano e 7 meses acordava de hora em hora para mamar e que ela estava com
muita dor nas costas por ter que dormir em uma posição hábil para que a
filha mamasse.
Resumindo:
cada caso é um caso e cada binômio mãe-bebê é particular. Dá prá
julgar? Acho que não. Hoje eu entendo muito bem os motivos de uma mãe
que amamenta em público: ela faz isso por necessidade e por amor.
Entendo a mãe que não consegue amamentar por muito tempo e entendo
aquela que amamenta por mais de 2 anos: é o ritmo da mãe e filho e isso é
uma coisa que só os dois podem decidir e ninguém mais. Se a mãe e o
filho querem, a amamentação deve acontecer de forma natural. Se um dos
dois não quer mais ou tem dificuldade, isso deve ser revisto e deve ser
procurada uma alternativa tal como o desmame. Sei que é um processo
doloroso, e também sei que meu desmame foi tranquilo e natural, então
não posso falar a respeito disso sem ter plena consciência de que cada
caso é um caso.
Deixo ainda este link: um projeto fotográfico muito lindo sobre amamentação.
Para
concluir fica a lição: evite julgar as atitudes de uma mãe. Ela o faz
movida por algo maior e não, ela não precisa de mais uma pessoa dando
pitaco em sua vida, quanto mais uma pessoa que não sabe o peso que só
ela carrega. Então, vamos ter mais amor, por favor?
Nenhum comentário:
Postar um comentário